segunda-feira, 8 de dezembro de 2014


 Proclamação do Dogma Imaculada Conceição

Há 152 anos uma alegria intensíssima encheu de júbilo as fileiras católicas do mundo inteiro: a notícia da proclamação do dogma da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem. O Bem-aventurado Papa Pio IX, fundamentado na Sagrada Escritura e no testemunho constante da Tradição (a transmissão oral passada de geração a geração), e por virtude do Magistério infalível, declarou ser de revelação divina que Maria Santíssima foi totalmente isenta do pecado original, desde o primeiro instante de sua concepção, consignado como está na Bula Ineffabilis Deus, de 8 de dezembro de 1854. Tal declaração revestiu-se de especial esplendor, pois, ao mesmo tempo que representava uma glória para Nossa Senhora e a Santa Igreja, era também um triunfo sobre o liberalismo e o ceticismo que corroíam a Civilização Cristã, que afrontavam o Vigário de Cristo e os direitos da Santa Sé, naqueles meados do século XIX. Período esse conturbado por revoluções anticatólicas em várias partes do mundo, desencadeadas sobretudo pelos propugnadores do racionalismo, do naturalismo e do anarquismo — inimigos da Igreja, fulminados por aquele Pontífice em diversos documentos.
Foi enorme o aplauso entusiástico que reboou entre os católicos da Terra inteira, porque o singular privilégio da Imaculada Conceição— no qual incontáveis santos, teólogos e fiéis em geral sempre creram desde os primórdios do cristianismo, e ao longo de todos os séculos — por fim era definido como verdade de fé.

Quatro anos após a proclamação do dogma da Imaculada Conceição, no dia 25 de março de 1858, em Lourdes, Nossa Senhora confirma tal verdade de fé. Quando a pequena vidente Bernadette Soubirous perguntou-Lhe quem era Ela, Nossa Senhora, depois de estender os braços — como se vê na Medalha Milagrosa —, juntou as mãos à altura do coração e respondeu: “Eu sou a Imaculada Conceição!”
No calamitoso século XX, em Fátima, a Virgem Santíssima recomendou a devoção a seu Coração Imaculado e prometeu: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”. Era esta mais uma magnífica confirmação do dogma proclamado pelo Bem-aventurado Papa Pio IX no século XIX.
O pecado original
“E [Deus] de um só [homem] fez [descender] todo o gênero humano, para que habitasse sobre toda a face da Terra” (At 17, 26). Nossos primeiros pais, Adão e Eva, foram criados “à imagem e semelhança [de Deus]” (Gn 1, 26), no estado de graça e inocência, de justiça e santidade; receberam o dom da imortalidade; viviam perfeitamente felizes no paraíso terrestre, e, na ordem da graça, participavam da própria natureza divina. Mas desobedeceram ao Criador e, obedecendo à serpente infernal, ficaram escravizados ao demônio. Em conseqüência desse pecado, os rebelados foram expulsos do paraíso, perderam os dons sobrenaturais que possuíam; de seres angelicais, tornaram-se carnais; ficaram sujeitos a todas as enfermidades e misérias e à morte. Resultado: todos os seus descendentes ficamos maculados, herdamos os efeitos do pecado original, com o qual todos nascemos.
Deus poderia ter abandonado a humanidade nesse estado pecaminoso, mas, por sua infinita misericórdia, quis salvar os homens. Ele asseverou ao demônio, sob a forma da serpente maldita: “Porei inimizades entre ti [o demônio] e a Mulher [Maria Santíssima], entre a tua descendência [os maus] e a descendência d´Ela [Jesus Cristo e os bons]; Ela te esmagará a cabeça” (Gn 3, 15).
Obra-prima de Deus
A fim de que se operasse a salvação do gênero humano, tornava-se necessária uma reparação. Como? Por meio da Encarnação do Filho unigênito de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que viria à Terra reparar a malícia infinita do pecado, padecer na Cruz pelos homens e, com seu sacrifício, redimi-los. Este mistério cumpriu-se por obra do Espírito Santo, com a Encarnação do Verbo de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo. “Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamarão pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco” (Mt 1, 23) — anunciou tal mistério o Profeta Isaías, sete séculos antes de sua realização (Is, 7, 14).
“Quem é esta que se levanta como a aurora que surge, bela como a lua, resplandecente como o sol, terrível como um exército enfileirado para a batalha?” (Cant 6, 9). Os exegetas interpretam esse texto como sendo o nascimento da Santíssima Virgem, que, como a aurora, anuncia o nascer do sol — o sol de Justiça, o Salvador do gênero humano que se fez homem para nos salvar. Nossa Senhora, obra prima da criação, é a antítese de Eva. O Magistério da Igreja ensina que a má ação de Eva, associada à de Adão — causadora da ruína da humanidade — foi desagravada por Nossa Senhora, a nova Eva, associada a Nosso Senhor Jesus Cristo, o novo Adão.
Isenção de qualquer mácula...
Em sua qualidade de Mãe de Deus, não seria sapiencial que Ela fosse concebida sem mácula alguma? Ao contrário de todos os seres humanos — que, sem exceção, vêm ao mundo com a mancha original —, não seria possível que Ela fosse a única exceção?
Sim, é claro, para Deus nada é impossível. Não convinha que a Mãe do Verbo de Deus fosse, ainda que por um instante apenas, maculada pelo pecado original, portanto escravizada ao demônio. Se tivesse contraído a mancha original, Ela ficaria, mesmo sem culpa própria, sob o domínio do demônio.
Mas, se Nosso Senhor Jesus Cristo veio à Terra para redimir todos os homens, como ensina o dogma da Redenção Universal, em que situação fica Nossa Senhora? Ela não estaria incluída na Redenção, se foi isenta do pecado antes da vinda do Salvador? Ela não precisaria, portanto, da Redenção? Os teólogos ensinam que o privilégio da Imaculada Conceição foi-Lhe concedido em previsão dos méritos que seriam adquiridos por Nosso Senhor e Ela se beneficiou da Redenção antes que esta se consumasse. “Potuit, decuit, ergo fecit” (Deus podia fazê-lo, convinha que o fizesse, logo o fez). Com este célebre axioma, o beato franciscano João Duns Scoto (1265-1308) concluíra sua exposição, em defesa da Imaculada Conceição, na Universidade de Paris. Foi considerado um brilhante triunfo o fato de ter sintetizado, na sentença acima, as razões do referido privilégio. Deus Todo Poderoso podia criar a Virgem Santíssima isenta de pecado. Ele certamente o queria, pois convinha à altíssima dignidade daquela que viria a ser a Mãe do Divino Salvador, que Ela estivesse livre de qualquer mácula; Ele, portanto, concedeu-lhe tal privilégio. Temos aí o maravilhoso e singular privilégio da Imaculada Conceição.
...na previsão da Redenção
A Santa Igreja ensina que Maria Santíssima foi preservada do pecado original, na previsão dos futuros méritos da Vida, Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele a pré-redimiu desde o primeiro instante da sua existência, sendo Ela, devido aos frutos da Redenção, criada em estado de inocência original.
Sendo concebida sem pecado original, Ela ficou também preservada de qualquer concupiscência (de qualquer tendência para o mal), que é decorrência da mancha deixada pelo pecado original, sem no entanto ser culpa pessoal. Não é crível que Deus Pai onipotente, podendo criar um ser em perfeita santidade e na plenitude de inocência, não fizesse uso de seu poder a favor da Mãe de seu Divino Filho.
Maria é totalmente de Deus: é um modelo a imitar. É fonte de santidade para a Igreja: também nós, à medida que crescemos na santidade, santificamos a Igreja. Sua missão a une a nós: precisamos de Cristo para a salvação;Maria é que nos deu Cristo, o Salvador. Em Maria e em nós atua a mesma graça: se Deus pôde realizar nela seu projeto,também poderá realiza-lo em nós, desde que colaboremos com sua graça, como ela o fez. Maria é a criatura humana em seu estado melhor.

Fonte consultada: Oscar Vidal ( Revista Catolicismo)


 Um Natal com Jesus

Celebramos o santo Natal, todos os anos, para três finalidades: Recordar. Celebrar. Atualizar.
1. Recordamos - fazemos memória - do grande acontecimento da história da humanidade: a vinda do Salvador. Na recordação, contemplamos e avivamos em nós o divino e infinito amor de Deus Pai que nos enviou Jesus; de Jesus que veio como Salvador; do Espírito Santo que preparou, fecundou e deu toda a assistência a Maria. Recordamos, contemplamos e admiramos o amor de Maria e de José. Recordamos a realidade mais importante de nossa vida terrena: nossa salvação.
2. Celebramos - As maravilhas que recordamos são tão extraordinárias e significativas para nós, que somos induzidos, motivados e elevados a um estado de festa no coração, a ponto de celebrarmos com grande preparação e com solene e festiva emoção tal acontecimento: o Natal! Que festa é o Natal!
3. Atualizamos - Apropriamos. O Salvador continua no meio de nós, todos os dias, nos oferecendo todas as graças salvíficas de que tenhamos necessidade. Por outro lado, a nossa salvação é um processo contínuo que se iniciou no Batismo e deve prosseguir até nossa morte. Exatamente por causa dessas duas verdades, na celebração do Natal de Jesus  procuramos acolher ainda mais consciente, profunda e radicalmente a Jesus, declarando-O nosso Salvador, entregando a Ele nossa vida, a fim de que nos salve sempre mais profundamente, e nos santifique para a glória dos céus.
Na celebração do Natal procuramos "nos apropriar", tornar próprio, tornar nosso, o Salvador, bem como todas as graças: para uma conversão mais radical a Ele e aos nossos irmãos; para o perdão mais profundo de nossos pecados; para a reconciliação maior com nossos irmãos com quem tenhamos problemas de desamor, perdoando e pedindo-lhes perdão; para uma mais profunda libertação e cura de problemas psicológicos e emocionais, e de lembranças dolorosas; para tomarmos decisões fortes para vivermos uma vida cristã mais consciente, firme e operosa. Sem uma "apropriação" das graças específicas da "festa do Salvador e da salvação", não há verdadeiro Natal. Natal acontece quando abrimos o coração para o Salvador aniversariante e para as graças de salvação e santificação que Ele traz consigo.
PREPARAÇÃO
O Natal é uma celebração tão rica e profunda que exige de cada um de nós alguma preparação. Quanto melhor preparados, maiores serão as bênçãos do Salvador. Podemos lembrar alguns caminhos de preparação:
1. Participar consciente e decididamente das quatro semanas do tempo do Advento, na sua comunidade paroquial.
2. Participar de uma boa Novena de Natal, na sua comunidade ou com um grupo de famílias.
3. Preparar-se muito bem para realizar uma santa Confissão sacramental individual, logo antes do Natal.
4. Colocar símbolos natalinos em sua casa, no escritório ou no local de trabalho, desde o início do Advento, a fim de lhe lembrarem que o Natal de Jesus se aproxima a cada dia.
5. Preparar a "Ceia Natalina" ou outra refeição festiva de Natal, "para Jesus", isto é, centralizada em Jesus, lembrando que o festejado, o aniversariante, a Pessoa mais importante desse encontro é Ele.
6. Se houver condições, encaminhar algum auxílio material para alguma família muito carente, para que tenham algo a mais para celebrar e "sentir que é Natal".
7. Com antecedência, combinar na família qual a Santa Missa de Natal a que todos se farão presentes para, juntos, celebrarem o Salvador e para receber suas bênçãos natalinas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Começou o Advento!


173247421O homem necessita de uma esperança que vá mais além da ciência e da política para ser feliz…
Estamos na primeira semana do Advento. No mundo antigo indicava a visita do rei ou do imperador a uma província; na linguagem cristã significa a “vinda de Deus”, a sua presença no mundo; um mistério que envolve inteiramente o cosmo e a história, e que conhece dois momentos culminantes: a primeira e a segunda vinda de Jesus Cristo. A primeira é a própria Encarnação; a segunda é o retorno glorioso ao fim dos tempos.
O Papa Bento XVI, falando do Advento, disse que: “Estes dois momentos, que cronologicamente são distantes – e não se sabe o quanto -, tocam-se profundamente, porque com sua morte e ressurreição Jesus já realizou a transformação do homem e do cosmo que é a meta final da criação. Mas antes do final, é necessário que o Evangelho seja proclamado a todas as nações, disse Jesus no Evangelho de São Marcos (cf. Mc 13,10)”.
Já montamos o Presépio e acendemos a vela verde da Coroa do Advento; a guirlanda é verde porque é sinal de esperança e vida, enfeitada com uma fita vermelha que simboliza o amor de Deus que nos envolve, e também a manifestação do nosso amor, que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.
A esperança é virtude teologal, dada por Deus. “É na esperança que fomos salvos”: diz São Paulo aos Romanos e a nós também (Rm 8,24). É com essa esperança que podemos enfrentar o mundo materialista que combate contra o espírito, sem desanimar. São Pedro nos pede que estejamos “preparados para apresentar aos outros a razão da nossa esperança” (1 Pe 3,15). O homem necessita de uma esperança que vá mais além da ciência e da política para ser feliz. Não é suficiente o “reino do homem”, é necessário o “Reino de Deus”. Só algo de infinito pode-nos bastar, algo que será sempre mais do que aquilo que possamos alcançar. Um mundo sem Deus é um mundo sem esperança (cf. Ef 2,12).
O Catecismo nos ensina que: “A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas no socorro da graça do Espírito Santo.” (§ 1817)
As velas acesas do Advento simbolizam nossa fé, nossa alegria, nossa esperança que não decepciona. Todas serão acesas pelo Deus que vem. Jesus, a grande Luz, “a luz que ilumina todo homem que vem a este mundo” (Jo 1,9); está para chegar, então, nós O esperamos com luzes, porque O amamos e também queremos ser, como Ele, Luz. Ser cristão é ser “alter Christus”, um outro Cristo que se consome como uma vela para iluminar as trevas do mundo.
O primeiro domingo do Advento lembra-nos que o perdão foi oferecido a Adão e Eva, não fomos abandonados ao poder da morte. Eles morreram na terra, mas viverão em Deus. Jesus se fez filho de Adão, sem deixar de ser seu Deus, para salvá-lo.
No Evangelho de Lucas, Jesus diz aos discípulos: “Os vossos corações não fiquem sobrecarregados com dissipação e embriaguez e dos cuidados da vida… vigiai em cada momento orando” (Lc 21,34.36). Portanto, sobriedade e oração. São Paulo nos convida a “crescer e avantajar no amor” entre nós e com todos, para tornar nosso coração firme e irrepreensível na santidade (cf. 1 Ts 3,12-13).
Mais que o Presépio e a árvore de Natal, prepare o seu coração com a esperança que tudo supera. “Continuemos a afirmar nossa esperança, porque é fiel quem fez a promessa” (Hb 10,23). São Paulo disse aos Tessalonicenses: não deveis “entristecer-vos como os outros que não têm esperança” (1 Ts 4,13).
Prof. Felipe Aquino

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

O tempo do Advento

Caros filhos, eis chegado o tempo tão importante e solene que, conforme diz o Espírito Santo, é o momento favorável, o dia da salvação (cf. 2Cor 6,2), da paz e da reconciliação. É o tempo que outrora os patriarcas e profetas tão ardentemente desejaram com seus anseios e suspiros; o tempo que o justo Simeão finalmente pôde ver cheio de alegria, tempo celebrado sempre com solenidade pela Igreja, e que também deve ser constantemente vivido com fervor, louvando e agradecendo ao Pai eterno pela misericórdia que nos revelou nesse mistério. Em seu imenso amor por nós, pecadores, o Pai enviou seu Filho único a fim de libertar-nos da tirania e do poder do demônio, convidar-nos para o céu, revelar-nos os mistérios do seu reino celeste, mostrar-nos a luz da verdade, ensinar-nos a honestidade dos costumes, comunicar-nos os germes das virtudes, enriquecer-nos com os tesouros da sua graça e, enfim, adotar-nos como seus filhos e herdeiros da vida eterna.
Celebrando cada ano este mistério, a Igreja nos exorta a renovar continuamente a lembrança de tão grande amor de Deus para conosco. Ensina-nos também que a vinda de Cristo não foi proveitosa apenas para os seus contemporâneos, mas que a sua eficácia é comunicada a todos nós se, mediante a fé e os sacramentos, quisermos receber a graça que ele nos prometeu, e orientar nossa vida de acordo com os seus ensinamentos.
A Igreja deseja ainda ardentemente fazer-nos compreender que o Cristo, assim como veio uma só vez a este mundo, revestido da nossa carne, também está disposto a vir de novo, a qualquer momento, para habitar espiritualmente em nossos corações com a profusão de suas graças, se não opusermos resistência.
Por isso, a Igreja, como mãe amantíssima e cheia de zelo pela nossa salvação, nos ensina durante este tempo, com diversas celebrações, com hinos, cânticos e outras palavras do Espírito Santo, como receber convenientemente e de coração agradecido este imenso benefício e a enriquecer-nos com seus frutos, de modo que nos preparemos para a chegada de Cristo nosso Senhor com tanta solicitude como se ele estivesse para vir novamente ao mundo. É com esta diligência e esperança que os patriarcas do Antigo Testamento nos ensinaram, tanto em palavras como em exemplos, a preparar a sua vinda.

Das Cartas Pastorais de São Carlos Borromeu, bispo
(Acta Eclesiae Mediolanensis, t. 2, Lugduni, 1683, 916-917)            (Séc. XVI)

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Quaresma – Tempo favorável de conversão

Salve Salve galerinha sarada, faz um tempo que eu não passo aqui, estava com saudades, mas a correria está grande graças ao nosso bom Deus, a missão está a todo vapor, quero aproveitar e partilhar um texto que fala um pouco sobre a quaresma, esse tempo que devemos buscar o silêncio interior, e a nossa conversão, deixar o Senhor nos falar, é época de penitência, jejum e oração… então vamos lá:
A Quaresma nos oferece, então, esse “tempo favorável” para se deixar o pecado e voltar para Deus. E para isto fazemos penitência. O seu objetivo não é nos fazer sofrer ou privar de algo que nos agrada, mas ser um meio de purificação de nossa alma. Sabemos o que devemos fazer e como viver para agradar a Deus, mas somos fracos; a penitência é feitar para nos dar forças espirituais na luta contra o pecado.
A melhor Penitência, sem dúvida, é a do Sacramento que tem esse nome. Jesus instituiu a Confissão em sua primeira aparição aos discípulos, no mesmo domingo da Ressurreição (Jo 20,22) dizendo-lhes: “a quem vocês perdoarem os pecados, os pecados estarão perdoados”. Não há graça maior do que ser perdoado por Deus, estar livre das misérias da alma e estar em paz com a consciência.
Além do Sacramento da Confissão a Igreja nos oferece outras penitências que nos ajudam a buscar a santidade: sobretudo o que Jesus recomendou no Sermão da Montanha (Mt 6,1-8), “o jejum, a esmola e a oração”, que a Igreja chama de “remédios contra o pecado”.
Cristo jejuou e rezou durante quarenta dias (um longo tempo) antes de enfrentar as tentações do demônio no deserto e nos ensinou a vencê-lo pela oração e pelo jejum. Da mesma forma a Igreja quer ensinar-nos como vencer as tentações de hoje. Vencemos o pecado praticando a virtude oposta a ele. Assim, para vencer o orgulho, devemos viver a humildade; para vencer a ganância devemos dar esmolas; para vencer a impureza, praticar a castidade; para vencer a gula, jejuar; para vencer a ira, aprender a perdoar; para vencer a inveja, ser bom; para vencer a preguiça, levantar-se e ajudar os outros. Essas são boas penitências para a Quaresma.
Todos os exercícios de piedade e de mortificação têm com objetivo livrar-nos do pecado.  O jejum fortalece o espírito e a vontade para que as paixões desordenadas, (gula, ira, inveja, soberba, ganância. luxúria, preguiça), não dominem a nossa vida e a nossa conduta.  A oração fortalece a alma no combate contra o pecado. Jesus ensinou: “É necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1b); “Vigiai e orai para que não entreis em tentação” (Mt 26,41a); “Pedi e se vos dará” (Mt 7,7). E São Paulo recomendou: “Orai sem cessar” (I Ts 5,17).
A Palavra de Deus nos ensina: “É boa a oração acompanhada do jejum e dar esmola vale mais do que juntar tesouros de ouro, porque a esmola livra da morte, e é a que apaga os pecados, e faz encontrar a misericórdia e a vida eterna” (Tb 12, 8-9).“A água apaga o fogo ardente, e a esmola resiste aos pecados” (Eclo 3,33). “Encerra a esmola no seio do pobre, e ela rogará por ti para te livrar de todo o mal” (Eclo 29,15). Então, cada um deve fazer ma Quaresma um “programa” espiritual: fazer o jejum que consegue (cada um é diferente do outro); pode ser parcial ou total. Pode, por exemplo, deixar de ver  a TV, deixar de ir a uma festa, uma diversão, não comer uma comida que gosta ou uma bebida; não dizer uma palavra no momento de raiva ou contrariedade, não falar de si mesmo, dar a vez aos outros na igreja, na fila, no ônibus; ser manso e atencioso  com os outros, perdoar a todos, dormir um pouco menos, rezar mais, ir á Missa durante da semana…
Enfim, há mil maneiras de fazer boas penitências que nos ajudam a fortalecer o espírito para que ele não fique sufocado e esmagado pelo corpo e pela matéria.  A penitência não é um fim em si mesma; é um meio de purificação e santificação; por isso deve ser feita com alegria.
Texto retirado do blog do Professor Felipe Aquino.
Acesse em “DICAS DE FÉ” um texto especial sobre o Sacramento da confissão.
Deus abençoe!